Eu não durmo, eu nunca durmo. São 03:12 da manhã e eu não durmo, eu nunca durmo. Neste momento estou a observar a lua, ela é como eu também não dorme. Não durmo porque todos os dias vive em mim uma esperança de que o dia a seguir vai ser melhor e isso, essa esperança não me deixa dormir, consome-me como se eu fosse a última coisa que se pudesse comer num campo de concentração. Passaram vinte minutos desde que escrevi a palavra "concentração" e desde esse momento eu não consegui dormir, eu nunca durmo. Gosto de escrever à noite mas nunca gosto das coisas que escrevo e por isso, penso sempre, sempre que mais valia dormir. Do meu lado direito tenho um cinzeiro cheio de beatas, é o reflexo das minhas insónias. Do meu lado esquerdo tenho um livro de poesia é o reflexo do meu amor. Quanto mais escrevo, menos durmo. A regra da vida é fazer as coisas com amor, eu faço as coisas com sono e com todo o amor que isso implica. Espero que não haja mal por ser assim. Quando não durmo, eu nunca durmo. Fico a ouvir todo o silêncio que existe numa serra e acreditem que é a melhor musica que posso dar ao meu coração. Acho que estou apaixonado. Neste momento queria estar a dormir em vez de estar a vomitar todos os meus pensamentos em frente à lua mais bonita do mundo. A lua mais bonita do mundo vê-se da varanda do meu quarto. É isso, é por isso que eu não durmo. Enquanto aqui estive a conversar contigo, a pensar no que sinto e a sentir tudo aquilo que penso, já se passaram mais quarenta minutos. Sabes que horas são? Amanhã tenho que me levantar cedo e para isso conto com a ajuda do café, o café é o melhor perfume que existe, sabes? Eu gosto de café, eu bebo café, café, café, café. Será por isso que não durmo, eu nunca durmo. Não consigo parar de beber café, não encontro nada que cheire melhor do que o café. Só não paro de escrever porque sei que vais ler, eu escrevo para ti. Estarei apaixonado? Acho que estou apaixonado. Tudo o que faço é por ti, se calhar toda esta esperança que me corre no corpo é devido a ti, aos teus olhos e ao teu coração que lê as coisas que escrevo enquanto deixa cair umas lágrimas de amor sobre o papel. Já te tinha dito que não consigo dormir? Que nunca durmo? Daqui a uns minutos a tinta da caneta vai acabar, acaba sempre por volta das quatro e trinta e seis minutos da manhã, por norma nesse momento, vejo os olhos, deito-me, ali, na minha cama, e vejo e sonho contigo e com uma lua, uma chávena de café, uma caneta e um papel, tu a chorar a rir e eu a beijar-te com os meus olhos, as tuas lágrimas o meu coração, o teu sorriso... Eu não durmo, eu nunca durmo. Esperança. Eu tenho esperança.
Uma didascália por
Miguel Moisés
sábado, 26 de agosto de 2017
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