sábado, 30 de setembro de 2017

Lar

Esta noite acordei com um pesadelo. Sonhei que estavas a morrer, que não havia luz em ti, que estavas cinzenta e triste.

Os dias vão passando, e eu tenho medo de me esquecer de ti. De todos os bons momentos que me proporcionaste, dos dias de sol, das noites quentes de Verão, do teu aroma acolhedor, da maneira como me fazias sentir: segura e aconchegada.

Foste mais do que uma casa, foste a razão pela qual a minha família se juntou durante anos, foste união, paz, felicidade.

Sei o orgulho que sinto por saber que foste construída pelas mãos de um senhor que sabia que o teu propósito, era o amor.

Foste mais que uma casa, viste-me crescer. Chorei dentro das tuas paredes brancas como cal, ri-me nas águas claras da tua piscina, criei amizades à sombra das tuas palmeiras verdes, brinquei debaixo das tuas escadas em caracol, ouvi o mar das tuas varandas compridas, fundamentei laços nos teus sofás amarelos, dormi as melhores noites da minha vida nos teus quartos acolhedores, caí mil e uma vezes na tua garagem, enquanto aprendia a andar de bicicleta.

Apaixonei-me por ti, por tudo aquilo que representas.

Neste momento já não és nossa em papel, mas serás sempre nossa, porque foste mais que uma casa, foste uma família.

«Pensei que, se pudesse tocar neste local ou senti-lo,
O vazio que sinto dentro de mim poderia começar a curar-se
Fora destas paredes é como se fosse outra pessoa
Pensei que talvez me pudesse encontrar.
Se pudesse apenas entrar, juro que me iria embora,
Sem levar nada, além de uma lembrança,
Da casa que me construiu»


Texto inspirado pela música de Miranda Lambert - The house that built me




Uma Didascália 
por Anónimo

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