Hoje venho falar-vos do primeiro convite que recebi para integrar um elenco, depois de me licenciar e vocês irão perguntar-se porque isso é assim tão relevante e depois de se perguntarem (vá perguntem lá) eu vou explicar-vos.
Este romance entre mim e este projecto, começou de uma forma inesperada de tal maneira que até posso afirmar com toda a convicção que a forma como tudo aconteceu dava para ser realizada num filme.
Uns dias antes, tinha visto na internet que se iria realizar um casting para integrar um elenco de uma curta-metragem onde o que procuravam era um actor com as minhas características físicas, enviei logo os meus dados e fui chamado para ir fazer o casting. No dia do casting, enquanto esperava e ia decorando o texto que me tinha sido entregue naquele mesmo dia, recebo uma mensagem de um professor meu, que tinha leccionado a disciplina de Interpretação durante dois anos do meu secundário. Pediu-me para enviar o meu currículo e poucos dias depois contactou-me para integrar o projecto que se iria realizar no Palácio de Oeiras realizado pelos Sons & Ecos.
Desta pequena pequena introdução, temos que reter dois pontos importantes, o primeiro é que, como já vos disse muitas vezes, o trabalho compensa sempre e foi por isso que aquele professor se lembrou de mim. O segundo ponto que é o cómico é que fiz um casting para um projecto e fiquei seleccionado para outro.
Este projecto não foi fácil (algum o é?) porque senti que tive poucos ensaios e isso deveu-se aos horários que o Palácio tem e quando ensaiávamos, aos sábados, tinha sempre que ser durante muitas horas o que fazia com que fosse muito cansativo. Depois porque a personagem principal não iria conseguir estar em todas as apresentações, ou seja, tinha que fazer ensaios com dois actores diferentes para a mesma personagem e vocês sabem o quão difícil isso é, todos nós temos o nosso ritmo, a nossa maneira de trabalhar o texto de o dizer, etc ... e eu tinha que me moldar a isso em praticamente todos os ensaios.
Como este projecto é no Palácio de Oeiras, vocês já se devem ter apercebido que a peça é de Época e esses textos, para mim, são sempre mais complicados de colocar no corpo, porque temos que encontrar a corporalidade certa daquele tempo.
A estreia, apesar de ter havido alguns problemas de texto, correu muito bem e o público, pelo feedback que deu gostou muito. Mas, eu quero vos falar da segunda apresentação, porque essa apresentação deve ter sido a mais difícil que tive, nesta minha pequena carreira de actor, porque o actor com quem contracenava teve uma branca. Sim, uma branca praticamente total. Sim. Ele esqueceu-se do texto quase todo, e então? Então tivemos que improvisar. Não é que eu não goste de o fazer ou que me sinta muito desconfortável ao fazê-lo, mas quando se trata de um texto do século XVIII torna as coisas mais complicadas. Apesar disso o resto do espectáculo correu bem e pelo que soube, ninguém do público se apercebeu do que se tinha passado.
Desde a primeira apresentação o elenco tem vindo a sofrer alterações, mas isso não fez com que a peça não mantivesse o nível que nos comprometemos que tivesse, quando aceitamos este desafio. Para alem disto, no elenco encontram-se mais duas pessoas que fizeram o secundário comigo.
Estou a gostar muito de estar a participar neste projecto porque para além de já ter trabalhado texto d'Época (ver aqui) fazer uma personagem do séc XVIII ou de qualquer outra século passado é me sempre muito desafiante. Esta peço foi representada pela primeira vez quando o ainda Conde de Oeiras, futuro Marquês de Pombal, fez 68 anos de vida. Foi representada como forma de celebração pelos seus amigos e familiares. Isto porque como é do conhecimento publico o Marquês de Pombal gostava muito de teatro. Ou seja, nesta peça eu faço de Henrique José filho do Marquês que vai representar na peça, ou seja, é uma personagem dentro de outra personagem e se quiserem perceber melhor, venham ver!
Quero vos dizer que teremos ainda mais duas apresentações no Palácio de Oeiras que serão nos dias 25 de Novembro e 9 de Dezembro e para além destas, sei ainda que iremos levar a peça à Régua e a Pombal, mas ainda não temos datas definidas.
Uma Didascália
por Miguel
quinta-feira, 7 de setembro de 2017
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